Nutrição e candidíase vaginal
por Nutricionista Francis Moura Santos - CRN5 3243/P
Atualmente a candidíase vulvovaginal é um dos problemas de saúde mais frequente no consultório do ginecologista. Estima-se que 75% das mulheres já tiveram pelo menos um episódio na vida. Destas, 5% apresentam candidíase de forma recorrente, com a ocorrência de quatro ou mais episódios em um período de 12 meses.
A candidíase vulvovaginal é uma inflamação da mucosa genital, principalmente em vulva e vagina, que se desenvolve em decorrência de uma infecção por leveduras. A maioria dos fungos que desencadeiam a candidíase tem como agente etiológico a Candida albicans, algo em torno de 80% a 90% dos casos. Essa infecção é caracterizada por prurido, ardor, contração dos músculos em torno da vagina e do ânus, e corrimento vaginal em grumos, parecidos com a nata de leite, sem odor. Normalmente a vagina e vulva encontram-se edemaciadas e avermelhadas, podendo ocorrer ardor ao urinar e uma sensação de queimação. Os sintomas são mais intensos no período pré-menstrual, quando há uma modificação no pH vaginal deixando-o menos ácido.
Uma das fontes de transmissão de fungos para o trato geniturinário é o trato gastrintestinal, devido a uma translocação de bactérias do canal anal para o canal vaginal. Outra hipótese é a disbiose vaginal, muito comum em mulheres que tem um grande consumo de anticoncepcionais, antibióticos, com alto consumo de doces e carboidratos simples.
Sendo assim, algumas atitudes e mudança de hábito alimentar podem contribuir no tratamento da candidíase.
O que evitar?
- Usar antibióticos e laxantes, pois destroem a flora intestinal e favorece o surgimento da disbiose intestinal (alteração da flora intestinal). Se houve necessidade de usar um antibiótico, procurar associar seu uso a um suplementos de probiótico que auxilia na recolonização do trato grastrintestinal e diminui os danos que o medicamento pode causa ao intestino.
- Uso de antiácidos para melhorar a digestão, pois pode alterar o pH e favorecer o crescimento de bactérias patogênicas e fungos.
- O uso de corticóides por longos períodos, que acabam por deprimir o sistema imunológico, favorecendo o crescimento de fungos e o aparecimento de infecções.
- O consumo de carboidratos simples, doce e alimentos de alto potencial alergênico, como o leite (e seus derivados) e o glúten. O açúcar é o principal nutriente da Candida albicans, e algumas pesquisas mostram que mulheres que evitam açúcar, mel, suco de frutas cítricas, pães, queijos, bebidas alcoólicas e leite sentem-se melhor. Restrição de leite é uma conduta importante para o paciente com candidíase crônica, pois o leite contém a lactose que promove o crescimento de Candida, é altamente alergênico e ainda pode conter traços de antibiótico, que pode destruir a flora intestinal.
- Ingestão de amendoim, pois pode estar contaminado com aflatoxina e fungos, que são imunossupressores.
O que auxilia no tratamento da candidíase?
- Óleo de cravo e/ou de óregano. O oléo de orégano, principalmente, que contém o carvacrol e o timol que possuem propriedade de diminuir o crescimento de Candida e melhorar o sistema imunológico. Porém, seu uso não é recomendado para grávidas, pois aumenta o risco de aborto.
- O alho possui ações fungistática e fungicida, sendo um ótimo aliado contra a Candida, porém deve ser consumido cru. Uma dica é colocar o alho (depois de fazer cortes com uma faca) em uma garrafa de cor escura e preencher com azeite de oliva extra virgem.
- Aloe Vera possui ação no sistema imunológico, por ser antiinflamatório e antioxidante. Lembrando que o Aloe Vera deve ser de empresas que garantam a sua pureza e segurança.
- Óleo de coco extra virgem também contribui no tratamento e na prevenção de candidíase.
- Cranberry e Oxicoco têm ação antioxidante, acidifica a urina e inibe a adesão de fungos e bactérias na parede do intestino.
- Gengibre além de diminuir a inflamação também tem ação antioxidante.
- Probióticos, que funcionam como um antibiótico natural contra as bactérias patogênicas, vírus e fungos. Também importante é o uso de prebióticos, que são alimentos para os lactobacilos auxiliando no crescimento de bactérias probióticas.
Diante de tudo que foi dito, pode-se perceber o quanto a nutrição é um importante coadjuvante no tratamento da candidíase vaginal. Porém, modificações na alimentação devem ser feita com o acompanhamento de um profissional Nutricionista.
Fonte: ANutricionista.Com - Francis Moura Santos - CRN5 3243/P - Nutricionista em Salvador.
PELEGRIN, Fernanda et al. Nutrição funcional no tratamento da candidíase vaginal. Revista Nutrição, Saúde e Performance. Ed. 43. São Paulo. pg 38-44.