Transtornos Alimentares: Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa
por Nutricionista Marcella Lamounier - CRN1 3568
Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas determinadas por sérias alterações de padrão e comportamento alimentar, caracterizados pela preocupação intensa com alimentos, peso e corpo. Os quadros de transtornos alimentares mais frequentes são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.
Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa caracteriza-se por perda de peso intensa e intencional através da prática de dietas extremamente rígidas por uma busca desenfreada da magreza, uma distorção grosseira na percepção da imagem corporal (tanto do tamanho quanto da forma) e alterações do ciclo menstrual (apresentando principalmente amenorréia – ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos). Alguns indivíduos pensam estar com excesso de peso generalizado, porém outros, apenas em algumas regiões específicas como abdomen, nádegas ou coxas. A perda de peso é vista como um sinal de extraordinária proeza e autodisciplina, uma vez que o ganho de peso é percebido como uma inaceitável perda de autocontrole. Portanto, a recusa em manter um peso mínimo considerado normal é um fator essencial para o diagnóstico da anorexia nervosa.
O início deste transtorno é mais comum na adolescência. As mudanças corporais na puberdade habitualmente aumentam a preocupação com o tamanho e a forma do corpo. Os pacientes são tipicamente introvertidos, obsessivos, perfeccionistas, sentem-se ineficientes e com baixa auto-estima. O desenvolvimento da doença pode ser visto como uma maneira de ganhar controle e autonomia, e normalmente recusam ajuda quando a doença se instala.
Pessoas com anorexia nervosa possuem algumas características típicas, como pele seca e amarelada, corpo muito magro (ou caquético), sensação constante de frio, cabelos quebradiços e sem brilho, lanugem (crescimento de pêlos em outras regiões do corpo), disfunções gastrintestinais (como intestino preso e dificuldades na digestão) e complicações cardiovasculares (relacionadas como as principais causas de morte).
Bulimia Nervosa
A bulimia nervosa se caracteriza por grande consumo de alimentos com sensação de perda de controle, os chamados episódios bulímicos. A preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal levam o indivíduo a utilização de métodos compensatórios inadequados (ou purgativos) para o controle do peso, tais como vômitos provocados, uso de medicamentos (diuréticos, inibidores de apetite e laxantes), dietas, jejuns e atividade física intensa.
Ao contrário das pessoas com anorexia nervosa, os pacientes com bulimia geralmente estão com o peso normal ou excesso de peso. Eles frequentemente ficam frustados pela incapacidade de atingir o peso desejado. É comum achar que o vômito é um importante indicador desse transtorno. Porém, o comportamento de consumo complusivo e excessivo de alimentos + purgação é o mais importante para o diagnóstico de bulimia nervosa.
O comportamento compensatório mais comum é a indução do vômito, sendo estimulado o reflexo na garganta com dedo ou instrumentos (por exemplo, talheres, escova de dente, etc.).
É observado em bulímicos sintomas depressivos e alterações de humor, apresentando também ansiedade, alterações de personalidade, ou até dependência química. Pacientes bulímicos ficam angustiados com os sintomas e conseguem procurar ajuda para acabar com o sentimento de culpa.
As evidências de episódios de vômitos são: marcas no dorso da mão usada para estimular o reflexo na garganta (sinal de Russel), glândulas salivares inchadas, erosão dos dentes e cáries. O uso abusivo de medicamentos e os vômitos causam desidratação. Outros sinais vistos são: dores abdominais, feridas na garganta, complicações gastrintestinais e problemas cardiovasculares.
Os transtornos alimentares afetam particularmente adolescentes e adultos jovens do sexo feminino. Vários estudos têm demonstrado que as mulheres mais jovens constituem o grupo de maior risco para desenvolver esses transtornos por serem mais vulneráveis às pressões dos padrões socioculturais, econômicos e estéticos. A associação da beleza, sucesso e felicidade com um corpo mais magro tem levado as pessoas à prática de dietas abusivas e de outras formas não saudáveis de regular o peso. Dessa forma, a prática de dietas severamente restritas representam um risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Portanto, essa conduta não deve ser estimulada indiscriminadamente.
O tratamento de pessoas com esses distúrbios deve ser realizado por uma equipe capacitada e formada por vários profissionais da saúde, inclusive um nutricionista, que poderá realizar a avaliação adequada para se fazer um extenso trabalho de educação nutricional e alimentar com esses pacientes e sua família.
Fonte: ANutricionista.Com - Marcella Lamounier - CRN1 3568 - Nutricionista em Brasília.
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